Entrevista: Aline Mattos do blog Núcleo de Notícias

 "Tem que saber conquistar as fontes através da seriedade e ética, ter um nível de cultura um pouco acima do normal e dedicação para estudar a vida pregressa dos entrevistados bem como os temas sobre os quais irá fazer as matérias."

Formada em jornalismo e pós graduada em Comunicação e Marketing, a jornalista Aline Mattos em parceria com seu sócio Carlos Henrique são responsáveis pelo site Núcleo de Notícias.


Como surgiu a ideia do site?
R: A ideia era que o site fosse uma espécie de laboratório para que os estudantes de jornalismo locais e até de outras cidades, praticassem o que aprendem na academia, tanto que no início o nome era “Núcleo Universitário”. Após quase dois anos notamos que os estudantes não se interessavam pelo projeto, mesmo a despeito do site começar a ficar conhecido e respeitado na cidade.



Chegamos a conclusão de que não adiantava esperarmos pelos estudantes então nos reunimos, eu e mais 2 estudantes de jornalismo e resolvemos nós mesmos dar continuidade ao projeto em forma de blog.

Quantas pessoas lhe auxiliam e como você supervisiona o trabalho?

R. Atualmente apenas eu e outro jornalista que está se formando agora, cuidamos do blog. Visto que eu trabalho em uma emissora de TV local e ele tem sua produtora, nós não temos tempo de fazer matérias locais, apenas alguns factuais. Na verdade o Núcleo, que agora se chama Núcleo de Notícias, tem tido a função de “clipping”, selecionamos as notícias de outros sites maiores, que entendemos serem de interesse do nosso público, publicamos artigos de pessoas da comunidade, e fazemos algumas matérias.




A senhora acha que o nome do dono do blog, ou do próprio blog exerce alguma influência?

Percebemos isso quando o site se chamava “Núcleo Universitário”. Sentíamos um maior respaldo da comunidade por terem ainda aquela visão de que o universitário tem um maior conhecimento, é melhor na escrita, mas também sentíamos uma cobrança maior no que diz respeito a erros de ortografia, concordância , etc.


Tem algum caso interessante ou memorável envolvendo seus leitores e o blog?

Nenhum assim que mereça destaque. Uma das coisas que mais nos surpreende é a quantidade de acessos de pessoas de fora de Vitória da Conquista e de outros estados. O número de seguidores no Twitter também tem aumentado muito.

Como a senhora vê essa proliferação de blogs jornalísticos na cidade?

Não vejo como nada muito significante. Tem aumentado a quantidade mas a qualidade deixa a desejar. Basicamente todos fazem a mesma coisa, copiam notícias do G1, do UOL, Folha, etc e publicam os releases locais.  Nós também copiamos, muito embora ainda façamos matérias locais, no entanto nossa proposta nunca foi essa, fomos sufocados pela falta de patrocínio e pelo descaso das agências de publicidade de Conquista que impedem seus clientes de patrocinar sites pois a comissão dada a tais agências é ínfima. O que quero dizer é que muitos sites já surgem com a simples proposta de copiar notícias e pra esse tipo de trabalho não é preciso criar mais blogs, já temos o suficiente.

O que a senhora melhoraria no blog?

Postaria mais notícias locais.

O que é ser jornalista na sua concepção?

É a pessoa que sempre é jornalista, em qualquer hora, em qualquer lugar. Que se preocupa em checar a fonte da informação, se preocupa com a qualidade do texto e sabe pelo menos o mínimo das técnicas básicas do jornalismo.  Tem que saber conquistar as fontes através da seriedade e ética, ter um nível de cultura um pouco acima do normal e dedicação para estudar a vida pregressa dos entrevistados bem como os temas sobre os quais irá fazer as matérias.

Na sua opinião, blogueiro é jornalista?

Acredito que se ele preencher os requisitos que eu disse acima, e ainda mais agora que não é preciso mais de diploma pra ser jornalista, o blogueiro pode ser considerado um tipo de jornalista sim, talvez uma espécie de “cyberjornalista”. Mas esse pessoal que não tem a capacidade de fazer nada além do que copiar a e colar notícias de outros sites e tirar fotos de eventos, de forma alguma se enquadra como jornalista.

Qual o seu currículo?
Sou formada em jornalismo pela UESB e pós-graduada em Comunicação e Marketing pelo JTS.

A senhora é a favor ou contra a obrigatoriedade do diploma de jornalismo?

Sou a favor de que, os que realmente querem abraçar a carreira de jornalista como profissão, tenham o diploma. Hoje temos profissionais renomadíssimos trabalhando na chamada "grande imprensa", mas a experiência profissional que eles carregam é indiscutível. O que não dá é para engolir é qualquer pessoa que simplesmente acorde com a idéia de ser jornalista, comece a trabalhar sem a menor ética e não se interesse pelo que o jornalismo realmente é em si, buscando apenas status ou um simples "passatempo".

1 comentários:

Talita Marins disse...

Caique, parabéns pela sua iniciativa. Com certeza um trabalho com muita personalidade , o que se tratando de você não poderia ser diferente!
O tema escolhido veio a calhar nesse momento tão difícil para nós jornalistas por formação, é mais uma janela para o debate que se estabeleceu na sociedade brasileira.
Você vai longe, caro colega!
Abraço!